segunda-feira, 30 de dezembro de 2013






Mãos

Mãos batem o martelo.
Carregam o chinelo.
Mãos apontam à direção.
Pegam à condução.
Mãos que fazem o pão.
Mãos da sedução.
Mãos naquilo e aquilo nas mãos.
Mãos que produzem palmas
E rezam para as almas.
Mãos da escravidão.
Calejadas, amarradas
Cortadas e sem libertação.
Mãos da condenação.
Mãos entre mãos.
Quem elas são?

Reinaldo Souza

31/12/2013

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013




AS PEDRAS

E lá vão elas.
Brutas e arrogantes, rompendo o vento.
Atiradas de mãos sanguinárias.
Querem sangue! O sangue das mulheres pecadoras.
É Geni
É Madalena.
Vítimas da fúria e da insensatez humana.
Pedras, pedras, pedras, nas mãos calejadas.
Pesam de sofrimento e esquecimento.
São plumas nos pés dos nordestinos.
Na travessia de vidas secas.

Reinaldo Souza

29/10/2010




PRATOS RASOS

Olhemos o cardápio.
Hoje temos o nada para comer.
Regado de sofrimento, lágrimas e dores estomacais.
A mesa está posta!
Pratos rasos combinando com sobremesas de melancolia.
Coloquemos uma porção de salada de ilusão
E iremos degustar o nada!
É tão farto que transborda pelos cantos do prato.
Sentimos o ranger dos dentes entre colheradas de emoção.
O mastigar é lento e silencioso, sem pressa de acabar.
Finalizamos com o cheiro forte do café amargo requentado.

Reinaldo Souza

24/09/2010

domingo, 17 de novembro de 2013






Boca Vermelha

Carnuda e indecente
Descendo por entre os seios
Sugando e excitando
Mordendo os morangos
Voraz e lasciva
Soprando palavras eróticas
Quente e úmida
Abrindo pétalas
Desabrochando o gozo.

Reinaldo Souza

21/08/2013

sexta-feira, 6 de setembro de 2013



ELA


Simplesmente ela! A causadora de todos os meus constrangimentos, aquela que faz questão de denunciar o quanto estou ficando velho. Essa “moça fagueira” não é mais a mesma, agora vive pregando peças, tumultuando minha simples vidinha. Nunca pensei vê-la deixando de guardar as datas importantes, os nomes das pessoas e os momentos inesquecíveis. Ela está querendo jogar a toalha, essa é a mais pura verdade e não adianta tapar o sol com a peneira. Tantos anos de companheirismo, de dedicação, e a desgraçada quer me largar, acabando com um pouco de dignidade que ainda me resta.
Não direi nem sob tortura o nome daquela que inúmeras vezes me fez ficar com cara de paspalho ao não lembrar onde deixei a chave de casa, e como se chamava a pessoa que eu tinha acabado de conhecer. Ela está falhando constantemente e nem mesmo um jogo de palavras cruzadas consegue reanimá-la.  Não sei se posso ainda confiar nela para lembrar o caminho de volta para minha residência ou lembrar a senha do cartão de crédito, mas por via das dúvidas, tenho tudo anotado na agenda. Nunca suspeitei do prazo de garantia dessa criatura, e sinceramente não sei se ela, moradora da minha cachola, tem um tempo determinado para funcionar nos conformes.
Confesso a minha falta de cuidado ao exigir bastante dela nos últimos anos, foram tantos os acontecimentos (bons e ruins), milhares de imagens, várias conexões feitas entre o passado e o presente, e o resultado é isso aí: ela exaurida e cheia de lacunas. Infelizmente ela não vem com uma bateria recarregável e nem com um manual de instruções dizendo como usar e o que fazer quando começar a dar defeito. Não posso levá-la à assistência técnica e pegar depois, no máximo apelar para uma medicina alternativa, dessas que não vai lhe viciar na paranóia dos remédios de tarja preta ou vermelha.
Devo pegar leve com essa “diaba” de agora em diante, se eu quiser permanecer com meu juízo perfeito, sabendo quem eu sou e onde estou, evitando mais situações vexatórias na frente da família, dos amigos e de estranhos, pois ela cujo nome não revelo, surge feito um lampejo e desaparece logo em seguida, carregando consigo parte de minha história.


                                                                                                                              Reinaldo Souza             
                                                                                                                                               22/05/2013



Fetiche

Na lama e na cama
Corpos se entrelaçam e pegam fogo.
Bocas ardentes se misturam ao gosto de morangos.
Gemidos, sussurros e delírios rompem o silêncio.
Almas que se unem no rio dos desejos
Sem senso e sem censura
No dia do pecado original.


Reinaldo Souza

29/05/13


Caixa de Pandora

Tudo cabe em ti
Dos segredos aos desejos
Nesse lugar de infinitas possibilidades
Como resistir e não vê-la por dentro?
Revelar tua plenitude
A força devastadora que pulsa nas entranhas
Trazendo consigo os males do mundo
Refletindo o dualismo céu e inferno
Provocando desordens.
Quero ver tua face Pandora!
De mulher fúria


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Vendo rimas de todo o jeito
Ricas, pobres, abstratas,
sentimentais e marginais
Ao gosto do freguês
Embaladas no jornal matinal
Três por cinco!
É queima de estoque
Pague, leve e consuma
O seu passatempo da viagem.


Reinaldo Souza

21/06/2013

terça-feira, 14 de maio de 2013

Dia do faxinaço: mexendo nas gavetas




Hoje levantei da cama diferente, olhei-me no espelho e vi uma cara que não é minha. Um olhar de peixe morto, uma expressão de puro cansaço em um rosto já envelhecido pelo tempo. Só restava com essa imagem a vontade de me jogar fora, de fazer meu último ato de dignidade. E alguém nessa vida já se jogou fora? Já se sentiu meio descartável? Pois é! Nós somos seres imperfeitos, e em nossa complexidade temos dificuldade de aceitar que somos limitados, aceitar as perdas e os fracassos, e lidar de forma coerente com o outro.
Eu não joguei o “lixo no lixo”, na verdade era só uma forma de expressão de como a gente acaba se sentindo diante da incapacidade de resolver os problemas de forma racionalizada. A gente se joga no fundo do poço e só percebe que chegou ao fundo quando tentamos cavar o incavável.  É nessa hora que precisamos reagir, acionar o instinto de sobrevivência e catar o resto de dignidade existente. Resolvi sair da posição de coitadinho (muito cômoda em certas ocasiões), pois sentir pena de si mesmo é um ato extremamente vergonhoso.  Depois, fui logo mexendo nas minhas gavetas, a intenção era jogar tudo de ruim fora, até porque pessoas mais velhas (assim como eu) adoram se apegar a cacarecos. É aquela questão de querer preservar as memórias, de guardar aquele momento importante. Mas, chega um momento que não sabemos mais distinguir o que realmente é importante guardar em nossas gavetas e o que devemos jogar fora.
Confesso que praticar o desapego é muito difícil, seja de coisas, pessoas ou de situações. Olhei para as minhas gavetas e vi o quanto elas estavam abarrotadas de cacarecos, a exemplo de fotos, livros, agendas velhas, rascunhos com rabiscos de algumas quase poesias, recortes de jornais e etc. Tinha até receitas de comidas recortadas das embalagens dos produtos comprados em supermercados, pois na minha cabeça eu iria fazer algum dia essas receitas, mesmo não tendo nenhuma prática ou aptidão para tal função. Mal sei fritar um ovo, fazer arroz e colocar água no feijão, tudo nessa ordem! A culinária é uma área não explorada por mim, embora ainda cultive o desejo de aprender a fazer pelo menos o básico da cozinha.
Joguei quase tudo fora, só restando os meus rascunhos poéticos, as fotos não comidas pelo tempo e os livros de literatura. Senti um tremendo vazio, parecia que alguém tinha arrancado uma parte de minha vida, de meu corpo.  Tudo bem que essa frase final soou meio melodrama, todavia a gente precisa aprender a cortar na própria carne. De tanto conviver com pessoas ou coisas, as quais, muitas vezes não acrescentam em nada nas nossas vidas e ainda são nocivas, nos acostumamos e achamos natural essa simbiose.  Podemos até reclamar da boca para fora, porém não tomamos nenhuma atitude a respeito, a não ser quando ficamos extremamente sufocados. E nesse momento a ficha começa a cair, e vem o despertar daquele estado de letargia que por muito tempo dominou nosso espírito.
Não basta apenas o mexer nas gavetas, a faxina mental também é importante. Rever certos conceitos, velhas posturas, e porque não dizer, deixar as amarras e ter mais leveza? Ter leveza na vida é uma meta a ser conquistada por muitos de nós, e eu me incluo nesse grupo. Viver sem carregar os dissabores, os desafetos, os problemas, sem ficar dando “murro em ponta de faca” e sem esperar muitos dos outros. Pelo menos nesse último quesito, posso dizer que sou liberto. Esperar que a outra pessoa preencha seus anseios e carências é uma barca furada, em algum momento você vai se decepcionar.  As pessoas não são perfeitas e nem tão pouco vem com um manual de instruções, cada uma é de um jeito, mas o difícil é aceitar esse fato.
E se a vida é um eterno aprendizado, então que possamos aprender a sermos menos dependentes, menos egoístas, a não ter medo de nossas escolhas, porque sejam elas certas ou erradas, fazem parte de nosso amadurecimento. Que sejamos capazes de conviver com as nossas limitações e a do outro, procurando enxergar o melhor de cada um de nós e não somente as diferenças. E nunca se esquecer de levar a vida com leveza, mexendo nas gavetas e praticando o desapego.


Reinaldo Souza                 05/05/2013




quarta-feira, 8 de maio de 2013




A briga acabou.
A polícia chegou.
E o silêncio se fez.

João acende o fósforo.
Maria pega fogo.
E a casa toda vira um Deus nos acuda.

João lança a rede no mar.
Pesca uma linda sereia.
E quem duvidar que conte sua história.

Reinaldo Souza

10/09/2010

quinta-feira, 18 de abril de 2013





Querido Diário


Eu nem deveria começar desse jeito, pois diário é coisa de menina com lacinho de fita amarrado nos cabelos, munida de um estojinho com várias canetas coloridas e uma borracha com cheirinho de frutas. É mais ou menos assim a imagem que se estabeleceu no inconsciente coletivo, fruto de uma herança patriarcal dispensável. Contudo, se eu não escrevesse assim não seria eu, afinal, o que é coisa de homem e coisa de mulher nesse mundo de metamorfose onde os papéis sociais e as identidades estão sendo questionados?
Vivemos nas incertezas das relações humanas, já não nos contentamos com isto ou aquilo. Mas voltando as vacas magras, até porque eu não quero entrar na discussão de gênero, pois daria muito pano para a manga. A lembrança do tão cobiçado objeto é cada vez mais presente nos tempos atuais com o surgimento dos blogs. Essa ferramenta tornou-se uma espécie de diário virtual. Mas agora, ao invés de esconder os segredos, tudo é revelado, compartilhado com milhares de pessoas na tela de um computador! A intimidade do indivíduo exposta à coletividade de forma muito natural. Existem também aqueles blogs mais formais, usados de maneira profissional, como por exemplo, os blogs de notícias jornalísticas.
O diário sempre foi alvo da cobiça masculina, e roubar um diário de uma menina era um delito delicioso! Nos anos 80 (e lá vem a sessão nostalgia) era muito comum as meninas ganharem um diário que ia sendo incrementado com fotos de alguma paixão platônica ou dos astros da TV, cinema e da música. E não podiam faltar os papéis de bombons, coraçõezinhos, poesias, declarações de amor ditas em silêncio, tudo devidamente protegido por um cadeado e uma chave. Valia também registrar nas páginas secretas os momentos marcantes do tipo: a primeira paixonite aguda, o primeiro beijo, as transformações do corpo, as brigas com amigas, familiares e pretendentes.
Minha irmã tinha um diário e colocava quase tudo que foi citado anteriormente, e ainda inventava alguns elementos hieróglifos (que só ela sabia interpretar) para ninguém conseguir ler, realmente ela era diabólica nesse aspecto. Apesar disso, virava um anjo diante das fotos autocolantes dos Menudos, e quer algo mais anos 80 do que a febre, a histeria feminina por esse grupo musical?
Os homens também escreveram em diários, e eu não estou falando nenhuma mentira e nem enlouqueci de vez. Refiro-me aos grandes navegadores com os seus diários de bordo, anotando tudo o que de fato ocorria em suas viagens. Entretanto, em se tratando de diários sentimentais, tudo muda de figura. Qual o homem colocaria suas emoções, seus sentimentos em um diário? E pior, quem assumiria tal ato? Eu nunca escrevi em diário e sim em agendas, nunca pensei fazer de outra forma. Inconscientemente na minha cabeça esse objeto já pertencia ao mundo das mulheres. Seria como a história da cor rosa e da cor azul fixados no subconsciente coletivo. Alguém em algum momento disse que a cor rosa era para as meninas e a cor azul para os meninos, e saiu propagando essa maldita ideia sem levar em conta os gostos pessoais de cada pessoa.  O bebê é do sexo feminino? Vamos pintar o quarto de rosa e comprar o enxoval da mesma cor. E se for ao contrário? Pinta-se de azul e segue o mesmo padrão para as roupinhas. Nunca mergulhei meus sentimentos em diários, mas sempre tive um interesse em penetrar nesse universo tipicamente cor de rosa. Afinal, que mistério existe dentro desse objeto? Que confissões as mulheres lançam naquelas tão desejadas páginas?
No imaginário masculino, a presença do “guardião das mais profundas intimidades do sexo oposto” despertava muita curiosidade e um desejo quase incontrolável de desvendá-lo. Qual o garoto que nunca pensou em roubar um diário? E existem aqueles que até conseguiram tal façanha, mas provavelmente arcaram com a fúria assassina das donas do objeto! Quanto a mim, não posso dizer se pratiquei esse ato, pois certas coisas se mantém enterradas na memória.  Vire e mexe as novelas trazem de volta os diários pessoais, e sempre com a imagem de uma personagem romântica ou passional. Foi assim com a tal Helena da novela Por Amor (1997) do escritor Manoel Carlos (aquele bairrista que acha o Leblon o supra-sumo do bom gosto, a fina flor dos bairros residenciais).
  Vivida por Regina Duarte, a personagem escrevia em um diário os acontecimentos de sua vida, dramas e decepções estavam ali naquele caderninho, inclusive o grande segredo, a confissão de uma “transgressão” cometida no passado, e só revelada no final do folhetim.  A imagem de uma mulher madura escrevendo em diário em plena era digital é no mínimo “pitoresca”.  E aqui pra nós, quem em sã consciência deixa escrito algo que o compromete?  Seria mais fácil não deixar pistas, não escrever nada, ficando no silêncio, porém, isso é novela e tudo gira na base do ficcional, do surreal, do faz de conta. É a camuflagem da vida como ela realmente é.
Tem também a personagem Alice Passos (Juliane Araújo) da novela Lado a Lado (2012) escrita por Claudia Lage e João Ximenes Braga. Pelo menos Alice está inserida em um contexto social e histórico propício a escrever em diários, pois o folhetim se passa no início do século XX, período pós-escravista onde os valores da sociedade eram outros. Nesse cenário habitavam mulheres românticas, sonhadoras e querendo subir ao altar, ou seja, casar-se. E como elas não podiam demonstrar os sentimentos e nem serem atiradas, restava guardar as emoções e confissões dentro do diário. Hoje os tempos são outros, a tecnologia permitiu mudar o nosso comportamento e nosso olhar diante das coisas. Agora vivemos em comunidades virtuais e ficamos cada vez mais sozinhos dentro de nossas casas. Tudo é virtual e efêmero, desde emoções a atitudes.
Não estou aqui decretando a morte dos diários sentimentais como decretaram algum dia a tal da “morte do autor”, é claro que ainda existem pessoas utilizando-os, porém em menor número, pois o surgimento do blog proporcionou outras possibilidades. É impressionante ver anônimos virarem escritores, hoje todo mundo escreve, até Bruna Surfistinha!  A garota de programa ficou famosa ao relatar em seu blog suas experiências sexuais com seus clientes. Depois dela, muitas garotas e garotos de programas se lançaram nessa empreitada, divulgando uma “literatura michê” recheada de narrativas eróticas.  Enfim, atualmente os diários sentimentais são abertos, eu diria mais, são escancarados para quem quiser, ao alcance dos olhos, bem na tela de um computador. Perdeu-se a áurea de mistério do objeto, seu encantamento foi desfeito.
Não se imagina mais roubar diários, não se criam símbolos ou hieróglifos para proteção do conteúdo escrito, não se preserva a intimidade e pior, não se permite sonhar dentro desse universo, e nem tão pouco escreve-se coisas inocentes. O desabafar não é mais solitário, é compartilhado e julgado. O “querido diário” talvez não seja mais querido, seja chatioso diário ou odioso diário, um lugar que não cabe mais confidências.


Texto em homenagem a minha amiga poeta Jancleide Goes

Reinaldo Souza                                 17/04/2013






Fogueira das Vaidades

E lá está ela...
Voraz!
Consumindo
Devorando os pensamentos.
Retirando o pouco de lucidez que ainda me resta.
Ela me conduz ao precipício....
Ah! O meu ego inflamado
Deixa tudo girando ao meu redor
Essa moça sem juízo entrou sem pedir licença
Espalhou-se pela casa e se fez dona
Dona de mim
Dos meus princípios
Tirou minha arrogância do poço escuro
Acendeu meu olhar superior
E o mundo ficou pequeno
É o início de uma tragédia anunciada.

Reinaldo Souza     24/10/12  



quarta-feira, 17 de abril de 2013




Pintando o sete

Pincéis se cruzam.
As cores se transformam.
Um belo sol, um belo mar.
Na areia um castelo
E no livro, estórias de príncipes e princesas.
Vejo no sítio o pica-pau amarelo.
E o meu pé de laranja lima.
Vou brincar de gangorra.
De bater lata e empinar arraia.
Não esqueço de subir no pé de manga.
E nem de apostar corrida.
E as Pedras atiradas no telhado?
Eu não confesso!
Nem diante da palmatória.
Sigo em frente.
Inventando brincadeiras.
Contando anedotas.
Fazendo diabruras.
Até o cansar da infância.



REINALDO SOUZA      08/10/2010

quarta-feira, 3 de abril de 2013




Emanuelle

Obra prima.
Divina.
Mistura de cores.
Desejos e amores.
Doce inspiração.
Devaneios, sonhos ou ilusão.
Jogos das impressões.
Sensações e emoções.
Atos da criação.
Pincéis, tintas e mãos.
Imagem da sedução.
Beleza, fascínio e tradição.
Pintura que mistura realidade e ficção.
            Descrita no papel, faço rima, métrica e composição.
Crio a melodia para dar vida a mais bela canção.

 Reinaldo Souza.

06/03/2010

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


Vamos dar um tempo.


Eu nunca ouvi uma frase tão cretina como essa em toda minha vida. Uma frase que não resolve zorra nenhuma, e os casais insistem em utilizá-la nos seus relacionamentos já quase falidos. É como escondessem, ao invés da sujeira, os problemas embaixo de um tapete, fazendo de conta que eles nunca existiram.
É claro que se Fulana pede um tempo para Beltrano, ou vice-versa, significa que os dois não estão sintonizados na mesma estação de rádio, um houve pagode até o chão, chão, chão, e o outro, música clássica. O pior é notar, por exemplo, que Beltrano reclamou, chorou, esperneou, teve um surto psicótico, mas acabou aceitando o tal do tempo. Que miséria! Como essa gente gosta de se iludir! Devem ser habitantes do País das Maravilhas. Beltrano de tão bocó não percebe que, o que tem volta nessa vida só alma penada e cheque sem fundos!
Está bem! Vão querer me dizer que conhecem uma Sincrana ou um Fulano, que pediram um tempo aos respectivos namorados e depois voltaram numa boa não é? Ah! Pelo amor de deus! Parem o buzu que eu quero descer e ir para Terra do Nunca! É tudo balela! Encenação de um filme de quinta categoria! Ninguém sai de um relacionamento e volta com o mesmo olhar, o mesmo amor e as mesmas perspectivas em relação ao parceiro ou parceira.
Essa história de dizer que “daqui pra frente tudo vai ser diferente” só vale na música de Lulu Santos, dentre outros cantores. Voltam os “pombinhos” a namorarem e na primeira discussão? Tome lá a velha e boa lavação de roupa suja, juntamente com as novas cobranças, para bombardearem o que restou da relação do casal. É como canta Fagner na música revelação: “sentimento ilhado, morto e amordaçado, volta incomodar”.
Então não custa nada tomar um pouco de atitude, vergonha na cara e altas doses de sinceridade com a outra pessoa, e cotar logo esse cordão umbilical! Você está vendo que seu relacionamento virou uma panela de pressão e vai explodir a qualquer momento e fica esperando o quê? Esperando um milagre, chorando no pé do caboclo? Não baixe o fogo dessa panela, desligue! Aproveite e troque logo de panela, e não esqueça que quem dá tempo é meteorologista.

Reinaldo Souza.
   
Texto escrito em 30/06/09


Antropofagia de Adélia a quatro mãos.

Eu como Adélia.
Eu mordo Adélia.
Eu durmo com Adélia.
Eu me misturo com Adélia.
Eu me vejo em Adélia.
Eu me despedaço e me construo em Adélia.
Em Adélia eu me refaço, eu dentro dela e ela em mim.
Longe de mim e tão dentro.
E, quando meu corpo pede descanso, eu fecho o livro.
Mas não fecho minha alma!

Autores: Reinaldo Souza e Alessandra Santos.


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