domingo, 7 de setembro de 2014


A executiva



Em meio a uma rotina estressante, com muitas reuniões e compromissos o dia todo, lá está Verônica, uma executiva de uma empresa do ramo da perfumaria se esforçando para fazer o melhor e bater a meta estabelecida pela organização. Aos quarenta seis anos de idade, vinte deles dedicados a esse trabalho, quase não tem tempo para a vida pessoal. Sair com as amigas, conhecer novas pessoas, ir ao cinema, teatro e até mesmo namorar. Ela passava muitas horas ao telefone resolvendo os problemas, delegando ordens e falando com os clientes.
Profissional competente, ela exigia o mesmo dos seus colaboradores, que cada um desempenhasse com eficiência suas atividades. Isso também valia quando se tratava dos namorados. Na verdade eram poucos os corajosos que aguentavam ficar com ela por um longo período, pois seu nível de exigência nos relacionamentos beirava o patológico. Procurava analisar a eficácia do rapaz, ver o quanto ele estava comprometido com ela. O moço tinha que ralar para conseguir chegar perto do padrão considerado perfeito para a executiva.
A sua imagem era de uma profissional extremamente focada no trabalho, sabia administrar com eficiência sua agenda de compromissos. A sua função tinha uma certa dose de estresse, mas nada que não pudesse ser contornado. À noite, no silêncio de seu apartamento de luxo, sentia uma ausência, um vazio, uma falta quase inexplicável. A sua cabeça não entendia bem, mas o seu corpo estava ali, dando sinais o tempo todo. Ela precisava se perder nos braços de um homem. Mas essa ideia não tinha o menor cabimento, pois como podia uma executiva dá-se ao desfrute de se envolver em relações fugazes? Não! Isso era demais para aquela cabeça controladora e de moral rígida, não podia e nem devia, estava fora de cogitação, era contra seus princípios.
 A cada noite solitária, aquela ideia se fixava ainda mais no seu pensamento, embora ela tentasse negar, esconder de si própria. Sozinha por muito tempo, quase oito meses, difícil era controlar os impulsos sexuais e os pensamentos lascivos. Verônica adquiriu “o hábito” de fantasiar relações com homens ouvindo vozes masculinas ao telefone, fetiche esse despertado numa noite em que teve que ligar para uma empresa de telefonia para resolver o problema de sua internet. No início ao ouvir a seguinte gravação: “Oi! Me chamo Eduardo, seu atendente virtual”,  ela teve espasmos por todo o corpo, uma onda de calor a invadiu, suas pernas fraquejaram. A executiva deixou-se ser conduzida pela fantasia. Materializou Eduardo, podia senti-lo, percorrer aquele corpo bruto, tocar nos músculos rígidos, na boca carnuda, ser envolvida pelos braços fortes daquele homem rústico de pele morena, olhos penetrantes, que não tinha modos quando rasgava seu vestido, e com presa, tirava seu sutiã, baixava sua calcinha, porque ansiava dominá-la, marca-la profundamente, fazendo-a gemer até desfalecer exausta nos seus braços.
A partir desse episódio a executiva nunca mais foi a mesma, algo tinha mudado dentro dela por mais que negasse. Não adiantava direcionar a mente para focar somente no trabalho, pois à noite, ao voltar para o apartamento, uma nova mulher tomava posse de seu corpo. Outra Verônica, erotizada e disposta a satisfazer todas suas fantasias sexuais, se fazia presente. Ligou para uma pizzaria e gostou da voz do atendente de prenome Carlos, então procurou ao máximo prolongar a conversa com o rapaz, inventando dúvida na escolha da pizza, ao mesmo tempo em que suas mãos passeavam por entre as coxas e acariciavam o bico dos seios. Já com a respiração ofegante, percebida pelo atendente, e o corpo estremecendo, Verônica decidiu terminar a ligação e dá vazão ao prazer do toque.
Aos poucos, aquilo que a executiva julgava ser indecente praticar em termos de relação amorosa, tornou-se aceitável, porém não a ponto dela criar coragem e partir para a ação. Não até encontrar João Rocha, um mecânico robusto, negro de mãos grandes e com jeito de dominador. Quem diria que ao levar o carro para fazer uma revisão geral numa oficina mecânica, próximo ao seu trabalho, encontraria esse ser de uma beleza nunca vista por ela. No primeiro contato achou-o antipático, ríspido em algumas respostas, pois ela queria saber os mínimos detalhes do serviço que seria feito no carro e ele estava sem paciência para responder. Fazia bastante calor e ele nem se importou em deixar seu macacão aberto, deixando o tórax à amostra. Aquela visão deixou a executiva fora de eixo, sem saber para onde olhar e o que pensar.
Como pode sentir-se atraída por aquele homem? Ele que exalava a mistura de suor e graxa, que mal a olhava e sempre a tratava com rispidez. Não! Isso ela não poderia se quer admitir, mesmo a libido falando mais alto. Verônica foi para casa com aquela visão torturante, e nem mesmo um banho frio acalmou sua excitação. A semana toda não conseguiu trabalhar direito, andava frequentemente distraída e com o pensamento longe, nem mesmo as reuniões eram conduzidas com rigor e seriedade de antes. Parece que a executiva se deu conta que não era só o trabalho que devia preencher sua vida, ela ansiava por algo mais... a fêmea enfim, despertou.
Verônica não tinha mais dúvida, queria aquele Deus do Ébano, fosse como fosse. Ela arranjou um jeito de saber tudo sobre esse homem, colhendo informações de clientes que frequentavam a oficina, e ainda ficou amiga do dono do estabelecimento. Depois disso, já tinha a ficha completa do seu homem. Solteiro, 36 anos, jogador de futebol nas horas vagas e praticante de boxe na academia do bairro onde residia. Ela descobriu o dia de folga dele, e no dia anterior, o convidou para sair com a desculpa de “agradecer pelos serviços feitos” em seu carro. Mesmo desconfiado, ele resolveu aceitar o convite inesperado de uma cliente, afinal não é todo dia que saia com uma mulher daquele nível, e de uma beleza nada convencional.
Encontro combinado, e a executiva desmarcou vários compromissos na sua agenda e passou metade do dia no salão de beleza, algo que não fazia há muito tempo. Estava decidida a ter o mecânico de peitoral largo e mãos grandes de qualquer forma, não existia nenhum outro propósito para essa fêmea que acabara de despertar para vida. A noite, se encontraram em um restaurante pouco conhecido, distante do centro da cidade, pois o intuito era ter mais privacidade. Rocha desfez a primeira impressão sobre Verônica, antes ela era tida como chata, mandona e metida a besta, agora tudo mudou. Via em sua frente uma mulher inteligente, sensual e de bom humor. Ela estava se esforçando para conquistá-lo.
O jantar foi agradável, ambos pareciam velhos conhecidos e havia até um certo grau de intimidade entre eles. E para terminar a noite em grande estilo, Verônica o convida para tomar uma taça de vinho em seu apartamento, vinho segundo ela, “da melhor safra dos vinhos portugueses”. Ele entrou no carro dela e seguiram para o local indicado, e ao chegarem, tomaram o elevador, e a executiva com olhar de volúpia pergunta ao mecânico se alguma cliente já realizou fantasias com ele. Meio sem jeito, Rocha responde que sim, mas nada que não passasse de uma aventura de fim de expediente. “E que tal realizar as minhas?” Essa pergunta inesperada pegou o mecânico de surpresa, deixando-o constrangido. Sem esperar uma resposta, Verônica foi pra cima do seu objeto de desejo, dando-lhe um beijo ardente, mordendo de leve os lábios carnudos do mecânico.
Esse gesto ousado fez o mecânico puxa-la para mais perto do seu corpo e retribuir o beijo, agora um beijo demorado, explorando a boca sensual da executiva. Enquanto isso, suas mãos acariciavam os seios de Verônica por dentro daquela blusa de seda. Ela suspirava a cada toque daquelas mãos firmes e apressadas, mas também explorava aquele corpo negro, a rigidez dos músculos, a largura das costas, o peitoral. Pôde sentir o quanto ele a desejava pela excitação que crescia entre suas coxas. Finalmente o elevador chegou ao 18º andar e Verônica o conduziu ao apartamento, onde viveria a maior experiência sexual de sua vida.
Nem mesmo fechou a porta e lá estava ela beijando a boca do mecânico, parecia que era outra pessoa, suas mãos eram hábeis em retirar a camisa dele e se livrar de sua blusa de seda. Ele por sua vez, puxou o sutiã, arrebentando até mesmo a alça, queria tocar em seus seios. Reparou que os bicos dos seios estavam entumecidos e resolveu provocá-los ainda mais usando a língua. O contato da boca de Rocha explorando a parte mais sensível do corpo dela, deixou-a fora de si, perdendo todo o controle da situação. Ele a conduziu em direção à mesa de jantar, e nesse instante, ela percebeu qual era a intenção dele. O mecânico desejava possuí-la em cima da mesa retangular, espaçosa e de estilo colonial, da qual muitas vezes os parentes se reuniram em datas comemorativas.
Iria comprovar toda a resistência da mesa perante aquele ser desproporcional em tamanho e em desejos. Deitada em cima da mesa, em meio à excitação e o medo, ela sentiu que não estava mais de calcinha, e ele baixando as calças, permaneceu somente de cueca. Sem dizer uma única palavra e sem pedir permissão, ele se posicionou no meio de suas pernas, e usando a boca, começou deixa-la ainda mais em êxtase. A língua dele causava vibrações por todo o corpo da executiva, ela experimentava um prazer nunca antes sentido. Não demorou muito e ela começava a ter espasmos, e não aguentando mais... gozou, esfregando a cabeça do mecânico no seu sexo.
Ainda trêmula, Verônica pode ver o mecânico preparando para penetra-la, mas antes quis retribuir o prazer dado por ele, pegando em seu membro duro e fazendo sexo oral. O mecânico, surpreso, adorou ser tocado. Sentiu tesão com aquela boca brincando com seu pênis. Logo após, Verônica lhe deu uma chave de coxa, e ele compreendeu que estava na hora do grande momento. O mecânico de maneira habilidosa encaixou seu corpo no dela e a possuiu, ela gemeu, sentindo uma mistura de dor e prazer.  A executiva estava entregue a todas as sensações provocadas por aquele corpo negro que a invadia. Dois corpos, gemendo, suando, se descobrindo, assim foram a noite inteira. Em cada cômodo daquele apartamento a fantasia se fez presente, a atmosfera era sexual. Verônica intensa, sem pudor e sem censura, adepta a novas experiências surgia entre quatro paredes. Agora, essa fêmea liberada aproveita a vida de forma plena, sentindo prazer não só no trabalho, mas naquele corpo negro que a excita, enlouquece e invade até sentir-se saciada.                                        

Reinaldo Souza      31/08/2014                 

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