A executiva
Em
meio a uma rotina estressante, com muitas reuniões e compromissos o dia todo, lá
está Verônica, uma executiva de uma empresa do ramo da perfumaria se esforçando
para fazer o melhor e bater a meta estabelecida pela organização. Aos quarenta
seis anos de idade, vinte deles dedicados a esse trabalho, quase não tem tempo
para a vida pessoal. Sair com as amigas, conhecer novas pessoas, ir ao cinema,
teatro e até mesmo namorar. Ela passava muitas horas ao telefone resolvendo os
problemas, delegando ordens e falando com os clientes.
Profissional
competente, ela exigia o mesmo dos seus colaboradores, que cada um
desempenhasse com eficiência suas atividades. Isso também valia quando se
tratava dos namorados. Na verdade eram poucos os corajosos que aguentavam ficar
com ela por um longo período, pois seu nível de exigência nos relacionamentos
beirava o patológico. Procurava analisar a eficácia do rapaz, ver o quanto ele
estava comprometido com ela. O moço tinha que ralar para conseguir chegar perto
do padrão considerado perfeito para a executiva.
A sua
imagem era de uma profissional extremamente focada no trabalho, sabia
administrar com eficiência sua agenda de compromissos. A sua função tinha uma
certa dose de estresse, mas nada que não pudesse ser contornado. À noite, no
silêncio de seu apartamento de luxo, sentia uma ausência, um vazio, uma falta
quase inexplicável. A sua cabeça não entendia bem, mas o seu corpo estava ali,
dando sinais o tempo todo. Ela precisava se perder nos braços de um homem. Mas
essa ideia não tinha o menor cabimento, pois como podia uma executiva dá-se ao
desfrute de se envolver em relações fugazes? Não! Isso era demais para aquela
cabeça controladora e de moral rígida, não podia e nem devia, estava fora de
cogitação, era contra seus princípios.
A cada noite solitária, aquela ideia se fixava
ainda mais no seu pensamento, embora ela tentasse negar, esconder de si
própria. Sozinha por muito tempo, quase oito meses, difícil era controlar os
impulsos sexuais e os pensamentos lascivos. Verônica adquiriu “o hábito” de
fantasiar relações com homens ouvindo vozes masculinas ao telefone, fetiche
esse despertado numa noite em que teve que ligar para uma empresa de telefonia
para resolver o problema de sua internet. No início ao ouvir a seguinte
gravação: “Oi! Me chamo Eduardo, seu atendente virtual”, ela teve espasmos por todo o corpo, uma onda
de calor a invadiu, suas pernas fraquejaram. A executiva deixou-se ser
conduzida pela fantasia. Materializou Eduardo, podia senti-lo, percorrer aquele
corpo bruto, tocar nos músculos rígidos, na boca carnuda, ser envolvida pelos
braços fortes daquele homem rústico de pele morena, olhos penetrantes, que não
tinha modos quando rasgava seu vestido, e com presa, tirava seu sutiã, baixava sua
calcinha, porque ansiava dominá-la, marca-la profundamente, fazendo-a gemer até
desfalecer exausta nos seus braços.
A
partir desse episódio a executiva nunca mais foi a mesma, algo tinha mudado
dentro dela por mais que negasse. Não adiantava direcionar a mente para focar
somente no trabalho, pois à noite, ao voltar para o apartamento, uma nova
mulher tomava posse de seu corpo. Outra Verônica, erotizada e disposta a satisfazer
todas suas fantasias sexuais, se fazia presente. Ligou para uma pizzaria e
gostou da voz do atendente de prenome Carlos, então procurou ao máximo
prolongar a conversa com o rapaz, inventando dúvida na escolha da pizza, ao
mesmo tempo em que suas mãos passeavam por entre as coxas e acariciavam o bico
dos seios. Já com a respiração ofegante, percebida pelo atendente, e o corpo
estremecendo, Verônica decidiu terminar a ligação e dá vazão ao prazer do
toque.
Aos
poucos, aquilo que a executiva julgava ser indecente praticar em termos de
relação amorosa, tornou-se aceitável, porém não a ponto dela criar coragem e
partir para a ação. Não até encontrar João Rocha, um mecânico robusto, negro de
mãos grandes e com jeito de dominador. Quem diria que ao levar o carro para
fazer uma revisão geral numa oficina mecânica, próximo ao seu trabalho,
encontraria esse ser de uma beleza nunca vista por ela. No primeiro contato
achou-o antipático, ríspido em algumas respostas, pois ela queria saber os
mínimos detalhes do serviço que seria feito no carro e ele estava sem paciência
para responder. Fazia bastante calor e ele nem se importou em deixar seu
macacão aberto, deixando o tórax à amostra. Aquela visão deixou a executiva
fora de eixo, sem saber para onde olhar e o que pensar.
Como pode
sentir-se atraída por aquele homem? Ele que exalava a mistura de suor e graxa,
que mal a olhava e sempre a tratava com rispidez. Não! Isso ela não poderia se
quer admitir, mesmo a libido falando mais alto. Verônica foi para casa com
aquela visão torturante, e nem mesmo um banho frio acalmou sua excitação. A
semana toda não conseguiu trabalhar direito, andava frequentemente distraída e
com o pensamento longe, nem mesmo as reuniões eram conduzidas com rigor e
seriedade de antes. Parece que a executiva se deu conta que não era só o
trabalho que devia preencher sua vida, ela ansiava por algo mais... a fêmea
enfim, despertou.
Verônica
não tinha mais dúvida, queria aquele Deus do Ébano, fosse como fosse. Ela
arranjou um jeito de saber tudo sobre esse homem, colhendo informações de
clientes que frequentavam a oficina, e ainda ficou amiga do dono do
estabelecimento. Depois disso, já tinha a ficha completa do seu homem. Solteiro,
36 anos, jogador de futebol nas horas vagas e praticante de boxe na academia do
bairro onde residia. Ela descobriu o dia de folga dele, e no dia anterior, o
convidou para sair com a desculpa de “agradecer pelos serviços feitos” em seu
carro. Mesmo desconfiado, ele resolveu aceitar o convite inesperado de uma
cliente, afinal não é todo dia que saia com uma mulher daquele nível, e de uma
beleza nada convencional.
Encontro
combinado, e a executiva desmarcou vários compromissos na sua agenda e passou
metade do dia no salão de beleza, algo que não fazia há muito tempo. Estava decidida
a ter o mecânico de peitoral largo e mãos grandes de qualquer forma, não
existia nenhum outro propósito para essa fêmea que acabara de despertar para
vida. A noite, se encontraram em um restaurante pouco conhecido, distante do
centro da cidade, pois o intuito era ter mais privacidade. Rocha desfez a
primeira impressão sobre Verônica, antes ela era tida como chata, mandona e
metida a besta, agora tudo mudou. Via em sua frente uma mulher inteligente,
sensual e de bom humor. Ela estava se esforçando para conquistá-lo.
O
jantar foi agradável, ambos pareciam velhos conhecidos e havia até um certo
grau de intimidade entre eles. E para terminar a noite em grande estilo,
Verônica o convida para tomar uma taça de vinho em seu apartamento, vinho
segundo ela, “da melhor safra dos vinhos portugueses”. Ele entrou no carro dela
e seguiram para o local indicado, e ao chegarem, tomaram o elevador, e a
executiva com olhar de volúpia pergunta ao mecânico se alguma cliente já
realizou fantasias com ele. Meio sem jeito, Rocha responde que sim, mas nada
que não passasse de uma aventura de fim de expediente. “E que tal realizar as minhas?” Essa pergunta inesperada pegou o
mecânico de surpresa, deixando-o constrangido. Sem esperar uma resposta,
Verônica foi pra cima do seu objeto de desejo, dando-lhe um beijo ardente,
mordendo de leve os lábios carnudos do mecânico.
Esse
gesto ousado fez o mecânico puxa-la para mais perto do seu corpo e retribuir o
beijo, agora um beijo demorado, explorando a boca sensual da executiva.
Enquanto isso, suas mãos acariciavam os seios de Verônica por dentro daquela
blusa de seda. Ela suspirava a cada toque daquelas mãos firmes e apressadas,
mas também explorava aquele corpo negro, a rigidez dos músculos, a largura das
costas, o peitoral. Pôde sentir o quanto ele a desejava pela excitação que
crescia entre suas coxas. Finalmente o elevador chegou ao 18º andar e Verônica
o conduziu ao apartamento, onde viveria a maior experiência sexual de sua vida.
Nem
mesmo fechou a porta e lá estava ela beijando a boca do mecânico, parecia que
era outra pessoa, suas mãos eram hábeis em retirar a camisa dele e se livrar de
sua blusa de seda. Ele por sua vez, puxou o sutiã, arrebentando até mesmo a
alça, queria tocar em seus seios. Reparou que os bicos dos seios estavam
entumecidos e resolveu provocá-los ainda mais usando a língua. O contato da
boca de Rocha explorando a parte mais sensível do corpo dela, deixou-a fora de
si, perdendo todo o controle da situação. Ele a conduziu em direção à mesa de
jantar, e nesse instante, ela percebeu qual era a intenção dele. O mecânico desejava
possuí-la em cima da mesa retangular, espaçosa e de estilo colonial, da qual
muitas vezes os parentes se reuniram em datas comemorativas.
Iria
comprovar toda a resistência da mesa perante aquele ser desproporcional em
tamanho e em desejos. Deitada em cima da mesa, em meio à excitação e o medo,
ela sentiu que não estava mais de calcinha, e ele baixando as calças,
permaneceu somente de cueca. Sem dizer uma única palavra e sem pedir permissão,
ele se posicionou no meio de suas pernas, e usando a boca, começou deixa-la
ainda mais em êxtase. A língua dele causava vibrações por todo o corpo da
executiva, ela experimentava um prazer nunca antes sentido. Não demorou muito e
ela começava a ter espasmos, e não aguentando mais... gozou, esfregando a
cabeça do mecânico no seu sexo.
Ainda
trêmula, Verônica pode ver o mecânico preparando para penetra-la, mas antes
quis retribuir o prazer dado por ele, pegando em seu membro duro e fazendo sexo
oral. O mecânico, surpreso, adorou ser tocado. Sentiu tesão com aquela boca
brincando com seu pênis. Logo após, Verônica lhe deu uma chave de coxa, e ele
compreendeu que estava na hora do grande momento. O mecânico de maneira habilidosa
encaixou seu corpo no dela e a possuiu, ela gemeu, sentindo uma mistura de dor e
prazer. A executiva estava entregue a
todas as sensações provocadas por aquele corpo negro que a invadia. Dois
corpos, gemendo, suando, se descobrindo, assim foram a noite inteira. Em cada cômodo
daquele apartamento a fantasia se fez presente, a atmosfera era sexual. Verônica
intensa, sem pudor e sem censura, adepta a novas experiências surgia entre quatro
paredes. Agora, essa fêmea liberada aproveita a vida de forma plena, sentindo
prazer não só no trabalho, mas naquele corpo negro que a excita, enlouquece e invade
até sentir-se saciada.
Reinaldo Souza
31/08/2014