sexta-feira, 9 de setembro de 2011

PARTO TEXTUAL


Eu estive pensando (de vez em quando eu me dou o luxo de pensar para oxigenar o cérebro) como seria o meu primeiro texto para esse blog. O que eu deveria escrever? O que eu podia dizer que ainda não foi dito? E quem iria se interessar por essas mal traçadas linhas? Essas e outras perguntas são cruciais quando se trata de escrever um texto, afinal de contas escrever é um processo complexo e gerar um texto não é uma tarefa fácil. Vai demandar, dentre outros fatores, um certo tempo, algumas ideias na cabeça, criatividade e no meu caso, muita inspiração.
Confesso que eu queria tirar logo a virgindade do blog, introduzindo vários textos de uma única fez, agindo como um adolescente apressado e impulsivo, só para dizer o quanto sou produtivo. Mas cada coisa a seu tempo, e além do mais, a ideia de ficar alimentando um blog para matar a fome de blogueiros, curiosos e pseudo-intelectuais e ainda satisfazer minha vaidade, é no mínimo assustadora.
Expor seu texto ou “textículo” (texto pequeno) para ser apreciado por leitores virtuais é uma faca de dois “legumes” (gumes) como diria a sabedoria popular. Você cria um blog e coloca os seus textos para serem lidos por quem quer que seja, inclusive por seus amigos que lhe dão uma “moralzinha” fazendo propaganda boca a boca. De início pouco ou nenhum acesso, e você com sua carência afetiva olha todo o dia o blog na esperança de algum sinal de vida, até mesmo aquela frase do amigo que diz “só passei aqui para dar um oi” ou mesmo um pequeno comentário, nem que seja uma crítica, pois você quer ser enxergado e está na condição de humilde.
De repente a coisa engrena e o blog “bomba”! Começa a ter vários acessos e muitos comentários, e você acha que descobriu a galinha dos ovos de ouro, fica mais feliz que pinto no lixo! A sensação de ser notado, de ser centro das atenções é gloriosa e mexe com a vaidade do ser humano. É como você fosse a única gota de adoçante no meio de um café amargo e nada mais tivesse importância. Mas quem falou que tudo são flores no mundo da escrita? Há espinhos que muitas vezes deixam cicatrizes bem traumáticas.
Tudo segue as mil maravilhas no blog, você produzindo muito e colhendo os frutos de sua árdua dedicação com a escrita, mas acontece que em um “belo” dia você abre o blog e está lá uma crítica, não uma crítica comum que você já está acostumado, mas aquela “crítica ácida” que desce rasgando o seu ego e vem cheia de questionamentos baseados nas mais terríveis teorias da literatura. E o que fazer agora? Se lamentar feito a cantora Maysa em uma música dizendo “meu mundo caiu”? Deixar arder a sua indignação na fogueira das vaidades? Ou ser suficiente maduro e tentar absorver o impacto dessa crítica, analisando todos os aspectos que estão sendo questionados? Isso significa aceitar a crítica, o que é menos provável que aconteça, já que não estamos acostumados a lidar com a situação de sermos seres imperfeitos.
A vaidade e o ego elevado impedem que as nossas máscaras caiam e revelem as nossas verdadeiras fraquezas. A todo instante estamos representando os mais diversos papeis em diferentes espaços, e não seria diferente quando se trata de escrever um texto. Eu posso me esconder por trás de um personagem ou de vários, também posso dizer que estou “aberto a críticas” para demonstrar o quanto sou maduro, evoluído, mas no meu íntimo odiar cada crítica recebida, mas não deixo de representar o meu papel de pessoa amadurecida diante de outras pessoas.
Quando escuto alguém dizer que está aberto a críticas eu tento imaginar o tamanho dessa abertura, provavelmente deve ser apenas uma pequena rachadura. Não importa que seja uma crítica construtiva ou maldosa, no íntimo de cada um não existe espaço para receber censuras. Se assim fosse por que os autores ficam imaginando o tal leitor ideal? Aquele leitor que está pronto para entender as ideias ou intenções dos autores diante de seus textos. De certo modo, quando escrevemos estamos tentando estabelecer alguma relação com o outro, através de algo que nos aproxime, alguma identificação que está além do jogo das palavras. E se a fala não consegue dá conta de toda uma expressividade presente em nós seres humanos, então deixemos ser guiados pela escrita.

Reinaldo Souza                                                                                               10/09/11

Um comentário:

  1. Que perfeição.....Desenvolve isso pq pode gerar um artigo..... falando do genero textual BLOG. caracaaaaaaa muito bom o texto me deliciei e ja imprimir....rsrsrs...e as criticas arduas são como cachaça em dia de chuva, é a melhor coisa para aquecer. rsrsrs ADOrei ...rs

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